Na verdade nem é algo que deveria me incomodar tanto… mas se eu não ficasse pelo menos um pouco irritado, eu não seria eu 🙂
Tenho sério problemas com os padrões que as pessoas esperam umas das outras, em especial quando eu estou participando de uma conversa relacionada a determinadas expectativas.
Sou da opinião de que algumas coisas na vida nós só devemos fazer se tivermos vontade. E eu acho que, pra minha vida, ter filhos se encaixa nesse caso.
Não vejo nada de errado em assumir que há algumas pessoas no mundo que não desenvolverão a necessidade, ou a vontade e o desejo, ou a oportunidade de terem filhos. E acho isso completamente normal.
Todavia, parece que há pessoas que simplesmente não aceitam isso.
Muito me irrita quando alguém tentar me enquadrar em um padrão do qual eu não me sinto parte. E, pelo menos por enquanto, eu não tenho a mais tênue vontade de ser pai. Simples assim. Tenho 31 (caminhando para 32) anos e nunca tive esse desejo, tampouco a necessidade, de me tornar pai.
Pode ser que isso mude?
Claro que pode! Muita coisa, muitas opiniões, muitos desejos já mudaram ao longo da minha vida. De forma que seria leviano da minha parte dizer que tenho absoluta certeza que isso que eu sinto agora será verdade pro resto da minha vida.
Entretanto, considero extremamente prepotente a atitude de uma pessoa que chega pra mim e fala algo assim: “ah, espera que você vai ver. mais cedo ou mais tarde você vai ter vontade de ter um filho”.
Será? Por que essa certeza toda? É realmente tão difícil acreditar que há um certo número de indivíduos que não desenvolverão tais desejos, e que talvez eu seja um deles?
Esse assunto acabou me levando a outra reflexão: Por que há essa necessidade de acomodar as pessoas em padrões pré-estabelecidos? E por que o estranhamento se alguém sair da curva padronizada? Deveríamos ser realmente tão iguais?
Agora quase não acontece mais, porém passamos (eu e minha noiva) um tempinho explicando pra algumas pessoas por que só casaremos no civil. E olha que o fato de eu ser ateu nem é o motivo principal! Mas percebo que há um certo “incômodo” quando minha noiva fala que não tem vontade de casar na igreja, que não tem esse sonho, e que acha tudo aquilo um teatro.
Outra situação: que “obrigação” tenho eu de torcer pra um time de futebol? Quando respondo “nenhum” à pergunta “Para qual time você torce?” lá vêm de novo os olhares de surpresa… e quando alguém resolve lembrar que até pouco tempo atrás eu dizia torcer pro Vasco da Gama, embora eu jamais tenha acompanhado ou gostado de futebol (que pra mim só serve como pretexto pra reunir amigos e tomar umas brejas na Copa do Mundo) , fica parecendo que eu sou só um antipático que não quer entrar na conversa.
E, claro, não poderia deixar de citar o padrão de “crer em algo a mais”… Esse é o pior de todos, pois quando sou sugado para conversas desse tipo e demonstro meu ceticismo sobre alguns tópicos, não só recebo frases como “você ainda tem muito a aprender”, ou “todo mundo tem que crer em algo”, ou “você não pode ser tão descrente”, ou “você não acredita em [insira aqui o nome do seu deus], mas ele acredita em você”, ou “você ainda vai evoluir e entender”, e centenas de outras sentenças semelhantes, como também acabo percebendo que há pessoas que ficam realmente ofendidas pelo simples fato de eu não acreditar no mesmo mumbo jumbo que elas… (e aqui estou incluindo todas as religiões, a astrologia, o poder dos cristais, a existência de fantasmas, a homeopatia, etc, etc, etc).
Isso tudo cansa um pouco.
Ou, talvez, eu apenas esteja ficando rabugento demais 😉