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Série: De Saco Cheio do Mundo #3

Na verdade nem é algo que deveria me incomodar tanto… mas se eu não ficasse pelo menos um pouco irritado, eu não seria eu 🙂

Tenho sério problemas com os padrões que as pessoas esperam umas das outras, em especial quando eu estou participando de uma conversa relacionada a determinadas expectativas.

Sou da opinião de que algumas coisas na vida nós só devemos fazer se tivermos vontade. E eu acho que, pra minha vida, ter filhos se encaixa nesse caso.

Não vejo nada de errado em assumir que há algumas pessoas no mundo que não desenvolverão a necessidade, ou a vontade e o desejo, ou a oportunidade de terem filhos. E acho isso completamente normal.

Todavia, parece que há pessoas que simplesmente não aceitam isso.

Muito me irrita quando alguém tentar me enquadrar em um padrão do qual eu não me sinto parte. E, pelo menos por enquanto, eu não tenho a mais tênue vontade de ser pai. Simples assim. Tenho 31 (caminhando para 32) anos e nunca tive esse desejo, tampouco a necessidade, de me tornar pai.

Pode ser que isso mude?

Claro que pode! Muita coisa, muitas opiniões, muitos desejos já mudaram ao longo da minha vida. De forma que seria leviano da minha parte dizer que tenho absoluta certeza que isso que eu sinto agora será verdade pro resto da minha vida.

Entretanto, considero extremamente prepotente a atitude de uma pessoa que chega pra mim e fala algo assim: “ah, espera que você vai ver. mais cedo ou mais tarde você vai ter vontade de ter um filho”.

Será? Por que essa certeza toda? É realmente tão difícil acreditar que há um certo número de indivíduos que não desenvolverão tais desejos, e que talvez eu seja um deles?

Esse assunto acabou me levando a outra reflexão: Por que há essa necessidade de acomodar as pessoas em padrões pré-estabelecidos? E por que o estranhamento se alguém sair da curva padronizada? Deveríamos ser realmente tão iguais?

Agora quase não acontece mais, porém passamos (eu e minha noiva) um tempinho explicando pra algumas pessoas por que só casaremos no civil. E olha que o fato de eu ser ateu nem é o motivo principal! Mas percebo que há um certo “incômodo” quando minha noiva fala que não tem vontade de casar na igreja, que não tem esse sonho, e que acha tudo aquilo um teatro.

Outra situação: que “obrigação” tenho eu de torcer pra um time de futebol? Quando respondo “nenhum” à pergunta “Para qual time você torce?” lá vêm de novo os olhares de surpresa… e quando alguém resolve lembrar que até pouco tempo atrás eu dizia torcer pro Vasco da Gama, embora eu jamais tenha acompanhado ou gostado de futebol (que pra mim só serve como pretexto pra reunir amigos e tomar umas brejas na Copa do Mundo) , fica parecendo que eu sou só um antipático que não quer entrar na conversa.

E, claro, não poderia deixar de citar o padrão de “crer em algo a mais”… Esse é o pior de todos, pois quando sou sugado para conversas desse tipo e demonstro meu ceticismo sobre alguns tópicos, não só recebo frases como “você ainda tem muito a aprender”, ou “todo mundo tem que crer em algo”, ou “você não pode ser tão descrente”, ou “você não acredita em [insira aqui o nome do seu deus], mas ele acredita em você”, ou “você ainda vai evoluir e entender”, e centenas de outras sentenças semelhantes, como também acabo percebendo que há pessoas que ficam realmente ofendidas pelo simples fato de eu não acreditar no mesmo mumbo jumbo que elas… (e aqui estou incluindo todas as religiões, a astrologia, o poder dos cristais, a existência de fantasmas, a homeopatia, etc, etc, etc).

Isso tudo cansa um pouco.

Ou, talvez, eu apenas esteja ficando rabugento demais 😉

 

Série: De Saco Cheio do Mundo #2

Sabe quando você é visto como “vilão” simplesmente porque decidiu não abrir mão de um determinado direito?

Vamos lá. Neste post vou abordar aspectos bem simples sobre dois assunto intimamente relacionados: matemática e comércio.

Primeiro a matemática, com um exemplo simples e corriqueiro: 10,00 – 7,68 = 2,32. Ok? Concordamos, né?

Agora o comércio: se eu faço uma compra que custa R$ 7,68, tenho várias opções de pagamento. Posso utilizar um cartão. Posso ter o dinheiro trocado. Posso dar R$ 10,00 e esperar meu troco. E nesse momento que pode acontecer a merda.

Nem sempre estou disposto a usar meu cartão. Direito meu e ponto final. E quase sempre apenas tenho notas de 5, 10 ou 20 reais para fazer minhas compras diárias no mercado (geralmente algum lanche para o meio da tarde), e várias vezes a conta fica algo parecido com o citado acima. Alguns ainda fazem a perguntinha “posso ficar te devendo 2 centavos?”, mas constantemente nem se dão mais ao trabalho de perguntar.

Eis que, de vez em quando, me dá vontade de solicitar meu troco integral… pronto! Virei automaticamente vilão da história. Tanto aos olhos da pessoa que opera o caixa, como daquela responsável por correr atrás das raras moedinhas, como, principalmente, dos demais consumidores da fila.

Um parêntese: não que eu precise de dois centavos ou que eles vão fazer falta para mim. Mas não vejo motivos que me levem a querer encher os cofres dos estabelecimentos com um dinheiro que não é deles (faça as contas do número de “centavos” por dia que deve ficar por lá).

Voltando. Então lá estou eu, simplesmente solicitando um direito meu, e os outros consumidores que têm esse mesmo direito, não só se contentam em “virar os olhos”, “dar uma bufada”, “murmurar algum palavrão”, mas também se sentem no direito de questionar ativamente a minha atitude.

Direito é direito. Não me importa muito a dificuldade de se arrumar moedas de 1 centavo, tampouco o tamanho da fila, e nem a pressa dos outros consumidores. O mesmo direito que eu tenho de querer um troco correto, eles também têm. Assim como eu teria o dever de esperar na fila se fosse outra pessoa no meu lugar, cabe aos outros compradores entender que nem todo mundo se satisfaz com uma rotina automática de desrespeito a direitos.

Oras, só porque eu não quero abrir mão de uma quantia (irrisória, mas é minha) que ficaria indevidamente em um estabelecimento, devo ser hostilizado?

E olha que logo acima eu escrevi  “de vez em quando”, mas só de implicância com esse tipo de atitude babaca dos apressadinhos, estou pensando seriamente em exigir meu troco integral todas as vezes em que fizer alguma compra com dinheiro. Por que não deveria?

Série: De Saco Cheio do Mundo #1 – Complemento

Em uma essencial contribuição de minha linda noiva a esta série, segue abaixo um vídeo que ilustra bem o que quis dizer sobre as atitudes de alguns motoristas no meu texto anterior.

Com vocês, a história de Sr. Walker/Sr. Wheeler (interpretado por Pateta).

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Série: De Saco Cheio do Mundo #1

Vou começar uma série de mini posts sobre coisas que têm me irritado profundamente no mundo em que vivemos, em alguns casos concentrarei minhas impressões sobre a minha Belo Horizonte.

Esse primeiro texto é mais sobre pessoas… mais especificamente sobre motoristas.

É, estou de Saco Cheio de dirigir em BH. Estou tomando imensa antipatia de pegar um carro e andar pelas ruas de BH (seja nas ruas do meu bairro, nas grandes avenidas e até em estradas).

Por quê?

Simplesmente porque, na minha percepção, as ruas estão cada vez mais cheias de babacas imbecis que acham que se deve dirigir um carro da mesma forma que se joga Gran Turismo, Need for Speed ou, pior, GTA (Grand Theft Auto).

Infelizmente, tem me parecido que cada vez mais cresce o número de pessoas que utilizam seus carros não como meio de transporte, mas como símbolo de status, de potência, de superioridade. Em resumo, como bem disse Del Marcondes na Carta Capital (com objetivo diferente do meu, mas que se enquadra bem na miha reclamação), usam o carro não como extensão das pernas, mas como extensão de seus egos. Patético.

Ah, e quando eu digo “motoristas”, estou me referindo indistintamente a homens, mulheres e pirralhos(as) (pirralhos(as) intelectuais, nem sempre coincidindo com pouca idade biológica), carros, caminhonetes, peruas, vans, caminhões, ônibus e motos. Ninguém escapa da possibilidade de ser um babaca sobre rodas.

É isso. Primeiro texto da série “De Saco Cheio do Mundo”.